terça-feira, 18 de março de 2014

Caso Iguaçu faz um ano com expectativa sobre sócio oculto

Um ano após denúncia feita ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sobre suspeita de estelionato na venda de imóveis residenciais pela Iguaçu do Brasil em Londrina, clientes e trabalhadores lesados no caso apostam na inclusão de um suposto sócio oculto da construtora como única chance de conseguir ressarcimento. As ações na Justiça sobre o caso ainda estão em fase inicial e o prejuízo é estimado em até R$ 100 milhões.
A Iguaçu, que tinha à frente o ex-prefeito de Mandaguari Carlos Alberto Campos de Oliveira, foi denunciada por um grupo de clientes e de pessoas que venderam terrenos para a construção de condomínios horizontais. Diante do início das obras em uma área ainda não quitada pela empresa, eles se reuniram com o promotor Cláudio Esteves no dia 18 de março de 2013, para alertar sobre a suspeita de irregularidades.
Oliveira e mais quatro foram presos sob acusação de crime contra as relações de consumo e estelionato, entre outros. Eles ficaram 30 dias na cadeia e foram soltos, mediante fiança. Com o andamento do caso, o número de indiciados chegou a oito.
Ainda sob investigação, o empresário Guidimar dos Anjos Guimarães e a empresa Guidimar Guimarães Consultoria e Desenvolvimento de Negócios foram envolvidos no caso no fim do ano passado, ele como suposto dono de 55% da construtora. Os advogados de Guimarães negam a relação e dizem que ele apenas emprestou dinheiro a Oliveira (leia mais nesta página).
O primeiro indício da ligação de ambos é uma declaração de Oliveira, datada de 6 de setembro de 2013, de que Guimarães seria sócio da Iguaçu. Os outros são um e-mail trocado entre a filha de Guimarães, arquiteta contratada para trabalhar em uma obra da construtora, e o testemunho de um gerente de obras de que teria sido contratado pela Iguaçu há cinco anos, dentro de escritório de Guimarães na avenida Higienópolis. A defesa contesta todas as relações.

Expectativa 

Na esfera cível, o promotor de Defesa do Consumidor, Miguel Sogaiar, afirmou que prefere não se pronunciar para não prejudicar a análise do caso. Na criminal, o promotor Jorge Barreto disse que foi aberto um inquérito criminal para cada empreendimento e que o primeiro já chegou à Justiça, mas que já foram ouvidas somente testemunhas de acusação. O problema é que houve troca de delegados no Gaeco, o que atrasou as outras ações em alguns meses.
Os indiciados podem ser condenados por formação de quadrilha, falsidade ideológica, crime contra as relações de consumo e estelionato diversos, com pena cumulativa que pode passar de 15 anos. "Alguns são primários e podem ter penas reduzidas, mas Oliveira não é", afirmou Barreto.
Pelo lado trabalhista, o advogado do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Londrina (Sintracom), Jorge Custódio, contou que são cerca de 100 trabalhadores, que têm a receber de R$ 500 a R$ 1 milhão, juntos. "Tínhamos a expectativa de que se resolvesse com a inclusão do sócio oculto na ação trabalhista, mas um juiz suspendeu a tramitação do processo", disse.
Um dos porta-vozes dos cerca de 300 clientes lesados no caso, Eduardo Tomasetti afirmou que a esperança do grupo é que Guimarães seja considerado como sócio oculto da Iguaçu. "Se ele for enquadrado, todos vão receber o que é correto porque ele é uma pessoa de muitas posses", disse. Ele teme, porém, que o processo se arraste na Justiça por décadas.

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